Microtendências: O Ciclo Rápido da Moda Digital e o Impacto da Geração Z nas Compras
- rafagdionello
- 11 de nov. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 22 de nov. de 2024
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Em julho de 2024 o verde Brat - nomeado em homenagem ao álbum de sucesso da cantora Charli XCX - substituiu o mundo rosa criado pela Barbie como a cor do momento e passou a ocupar as campanhas e vitrines de lojas pelo mundo todo.

Antes da pandemia e do boom do tiktok as tendências eram ditadas por aquilo que viamos nas passarelas, celebridades e movimentos culturais fortes da época - alimentadas por interesses compartilhados em música, literatura, arte ou ideias políticas - como por exemplo: o estilo Boho dos anos 60 e 70, a geração pós-segunda guerra, entendida por uma época de quebra de padrões e liberdade de escolha da mulher, o movimento hippie e da mini saia ou os anos 80, que ao contrário das décadas anteriores trouxe Maximalismo como palavra chave, sempre com cores vibrantes, tecidos volumosos e estampas chamativas, já no final da década a virada de chave e a chegada do grunge nos anos 90 - que surgiu com a intenção de fugir do mainstream.
Estilo Boho - Anos 60
Anos 80 e o Maximalismo
Anos 90 e a chegada do grunge
Inseridos dentro de um contexto social e forma orgânica ao público, costumavam se firmar com a geração da época que passavam a se identificar com aquele estilo por viverem o movimento, dessa forma passavam a durar décadas. Mas quando as coisas mudam e a moda está agora sendo consumida por uma geração que está cronicamente conectada, consumindo diversos conteúdos por minuto, o que acontece?
As categorias de estilo predominantes sempre existiram, mas esse ciclo se acelerou, e as tendências, que eram construídas ao passar dos anos, passam a atingir o auge de sua influência em questão de cinco virais e se tornam febre entre seus consumidores que buscam se encaixar nos “padrões”. E assim nasce uma microtêndencia.
O QUE É UMA MICROTENDÊNCIA?
A TrendBible define o termo como: “Uma tendência comportamental do consumidor específica de nicho ou indústria que está pronta para o mercado de massa e é acionável. Com um tempo de vida mais curto, as microtendências geralmente filtram para baixo das Macrotendências e fornecem oportunidades para inovadores, designers e profissionais de marketing explorarem essas mentalidades emergentes do consumidor”.
As microtendências surgem e morrem nas redes sociais - principalmente no TikTok - em horas, dias, semanas e se tudo der “certo” chegam a durar em alguns meses. Geralmente noções já comuns ganham um novo nome e as tornam comercializáveis para as marcas, se apegando a cada estética que aparece em nossos feeds, facilitando o consumo frenético de uma forma nova, exemplo, "cabelo com manteiga de biscoito de canela" é simplesmente uma nova maneira de comercializar cabelos castanhos.
Diferente das subculturas que tradicionalmente vinham não apenas com uma estética, mas com um sistema de valores mais amplo, como nos exemplos usados acima, essas novas ondas de estilo tendem a perder ou nem mesmo chegam a ter um significado profundo por conta de sua comercialização em massa. Em outras palavras, entender as microtendências é entender a força da máquina de marketing da ultra fast fashion.

O CONSUMO DA GERAÇÃO-Z ONLINE
Aqueles que tentam acompanhá-las por meio de compras de roupas, as microtendências têm ciclos de vida tão curtos que a última tendência pode já ser notícia velha antes mesmo de o pacote chegar à sua porta. Os principais consumidores desse movimento são a geração Z, que são 70% de todos os usuários do tiktok e são a geração que passa mais tempo online.
Um estudo recente estudo da NielsenIQ, buscou entender as nuances do comportamento de consumo dos brasileiros nos últimos 30 anos após a implantação do Plano Real e como as marcas podem se posicionar para capturar essas novas oportunidades. Segundo o estudo, o impacto das redes sociais nas decisões de compra tornou-se inegável, de acordo com os dados do relatório, 56% dos consumidores brasileiros se dizem influenciados em suas decisões na hora de fazer uma compra.
COMO CHEGAMOS NESSE PONTO?
Grande parte de toda a cultura jovem ao redor do mundo é a busca pelo seu próprio senso de identidade, validação e um sentimento de pertencimento. Antes do tempo de quarentena, essa geração inteira passou grande parte de seus anos de desenvolvimento dentro de um quarto sem acesso às experiências do mundo real.
Esses jovens então passaram a buscar esse senso de pertencimento nas redes sociais que buscam gratificação instantânea e a necessidade de se encaixar em uma caixa com o último item do momento, criada pelo forte desejo de ter graças ao marketing. Investigar mais profundamente o que impulsiona as microtendências nos leva, a questões de psicologia.

Segundo, Carolyn Mair, psicóloga comportamental e autora de A Psicologia da Moda, a essa sensação da compra dessa nova tendência motiva as pessoas a fazer novas compras na esperança de reacender esse prazer e excitação: “O desejo de comprar tendência após tendência não tem a ver com capacidade de atenção, mas sim com hábito”, diz a autora.
Apesar da necessidade do senso de novidade, quase ironicamente essas microtendências que focam em novidades muitas delas apenas trazem um senso de nostalgia e fazem um throwback em tendências antigas. “A nostalgia é atraente, particularmente em tempos de turbulência e incerteza, quando tendemos a olhar para trás com 'óculos cor-de-rosa', imaginando que o passado foi muito melhor do que o presente”, considera Mair.

ACHAR ESTILO PESSOAL É A RESPOSTA?
Filmes, música e a cultura em geral nos inspiram constantemente, e novas tendências nascem todos os dias, mas não sinta que precisa acompanhar cada onda. A beleza delas é que há realmente algo para todos, você tem a capacidade de ser poderoso com suas compras e decidir o que realmente te faz feliz ao comprar e vai durar durante anos em seu guarda-roupa. Pergunte a si mesmo: você "ama" isso ou quer comprar porque acha que está na moda?
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